Criptomoedas sem medo

Você com certeza já ouviu falar em Bitcoin, Ethereum, criptomoeda, os termos relacionados explodiram nos últimos meses nos sites de busca e cada vez mais pessoas procuram conhecer o assunto, porém, muita gente ainda tem receio e não vê com bons olhos este universo, mas afinal, do que estamos falando?

O que é moeda?

Vamos voltar um pouco no tempo e entender o que é uma moeda. Moeda é um meio de troca, ou seja, você precisa comprar ovos, mas produz leite, porém o produtor de ovos não quer leite em troca, então a moeda faz esse papel intermediário entre fornecedor e cliente e ambos saem satisfeitos. Durante a história diversos bens físicos foram moedas de troca: sal, pedras, conchas, ouro, prata, papel moeda. Estes três últimos ainda válidos até os dias de hoje.

Mas e se pudéssemos criar nossa própria moeda de troca em um meio completamente eletrônico?

Bom, foi isso que pensou o programador (ou grupo, não sabemos) denominado Satoshi Nakamoto, que em 2009 criou a Bitcoin, a primeira moeda totalmente digital e descentralizada. Até aí, tudo bem, mas como isso funciona?

Para a Bitcoin ser possível, Satoshi Nakamoto desenvolveu o algoritmo da Blockchain (corrente de blocos), um sistema capaz de manter uma espécie de livro-registro de todas as transações feitas, bloco a bloco, no qual, cada proprietário de Bitcoins possui uma cópia do mesmo, com complexas criptografias que garantem a integridade dos blocos e a fidelidade das transações.

É isso mesmo que você leu, não existe um banco de dados central controlando as transações (como o BC para o Real), cada participante da cadeia possui seu próprio livro-registro das transações, a sua blockchain, por isso a moeda é descentralizada.

Tudo bem até aqui, mas, como isso garante segurança? Quem cuida de que as transações sejam fiéis se não há um orgão regulador?

Aí entra o trabalho dos Mineradores, outro termo que você deve ter ouvido falar recentemente. Os mineradores são basicamente participantes da cadeia que "trabalham" validando todas as transações da blockchain constantemente em um esquema P2P (peer-to-peer), adicionando as transações seguras à blockchain e repassando essa informação adiante, é claro que isso não sai de graça, após determinados números de transações concretizadas, eles recebem uma fração da moeda em troca, é este processo que alimenta e mantém a moeda viva.

Significa que a criptomoeda depende da comunidade para existir, depende de máquinas e mineradores que queiram participar de sua rede e receber frações da mesma em troca. Tal como na era do BitTorrent (daí talvez a inspiração) em que a transferência de vídeos e músicas dependia de máquinas espalhadas pelo globo servindo de servidores descentralizados.

Aqui vale notar: a segurança se estabelece por que, se um software minerador identificar, comparando os pares que uma transação não é valida, que algum espertinho está tentando fraldar o sistema, sua transação não é adicionada a blockchain, seria preciso um número muito grande de máquinas tentando fraldar a cadeia da mesma forma para suas transações serem consideradas válidas.

Legal, então a moeda é segura, a comunidade assegura as transações, até aqui tudo bem, mas e a minha fatia de moedas? Como eu compro Bitcoins? Aonde eu guardo isso se não existe um banco centralizador? Bom, aqui entra um novo termo: as Exchanges, mas não se assuste, se você já investiu antes, elas são como as Corretoras de outros investimentos.

Uma exchange é uma instituição que permite a você comprar/vender e trocar criptomoedas, por lá você pode por exemplo, usar Reais para comprar Bitcoins, através de Cartão de Crédito ou PIX. Mas quanto custa? Bem, as criptomoedas são uma forma de Renda Variável de alta volatilidade, ou seja, seu valor realmente varia muito, e como no mercado de ações, é definido pelas flutuações de mercado, e sofrem influência do mundo real (notícias do governo, influenciadores, etc).

Sobre o armazenamento das suas frações de criptomoedas, você pode tanto mantê-las sobre propriedade da exchange (mas aí você precisa confiar na segurança da exchange) ou você pode guardá-las em outros softwares que servem de "carteiras digitais", locais ou na nuvem. Mas lembre-se: a moeda é descentralizada, se você perder a sua carteira, ou deixar que a roubem, já era, não há mais volta.

Se os mineradores ganham novas frações de moeda ao minerar, a quantidade de moeda vai crescer para sempre? Não, não vai, cada criptomoeda possui um número máximo de emissões, uma quantidade máxima que pode ser minerada e isto está em seu algoritmo, além disso, a cada um determinado número de transações, a recompensa por mineração é reduzida, tornando-se menos rentável minerar a moeda, que acaba ficando apenas com grandes empresas de mineração de grande porte.

Se é tão simples criar uma nova moeda digital, por que não saem todos fazendo a mesma coisa? Mas eles fazem! Desde que o Bitcoin foi criado, diversos outros desenvolvedores se inspiraram nos códigos de Satoshi Nakamoto e fizeram o mesmo, dezenas de novas moedas surgem o tempo todo hoje em dia, algumas com propósitos e causas diferentes, partes do algoritmo como os limites de emissão e protocolos de segurança também podem variar.

Algumas destas moedas serão extremamente lucrativas no futuro, outras acabarão caindo no esquecimento. Alguns investidores gostam de arriscar comprando grandes quantias destas moedas "novatas" esperando que um dia elas explodam, a exemplo do que aconteceu por exemplo com a DogeCoin, moeda que foi criada apenas como sátira e entre Jan e Mar/2021 cresceu 3000%!

E aquele papo de que Bitcoin não tem rastreio e por isso é usada pra golpes? Bem, se você extrai um bloco da blockchain, tudo o que você vai ver é a criptografia que indica a quantidade de moeda, a carteira de origem e a carteira de destino da transação, como uma conta corrente, e ali você não tem CPF, nome, e-mail, nada... apenas a hash (criptografia) da carteira.

Mas isso não quer dizer que ela seja 100% livre de lastro ou de investigação de origem/destino. Há 10 dias (Jun/21) o FBI recuperou 2,3 milhões de dólares pagos a hackers de roubo de dados por Bitcoin, mas como? Bem, lembra que eu te falei que a blockchain é uma corrente com todas as transações do livro-registro da moeda e que todos tem uma cópia desta?

Pois então, o tal pagamento do resgate bitcoin está registrado neste livro-mestre, e é possível seguir essa carteira na blockchain e descobrir pra onde esse valor foi transferido depois, e depois, e depois, seguir o extrato analisando as transações, e, uma vez que esse valor é passado a outra carteira, estudar o comportamento desta outra carteira, e assim, o FBI conseguiu rastrear e identificar alguns hackers. Então vale lembrar: a propriedade individual de uma carteira é oculta, mas o seu histórico de transações não!

Mas isso tudo é ilegal? Tenho que declarar? É legal sim! Apesar de ser um assunto muito recente e sabemos que as leis caminham a passos lentos, possuir bens em forma de moeda digital não é nenhum problema. Sobre a declaração, a partir deste ano de 2021 passou a ser possível declarar seu valor de criptomoedas em campos próprios no programa de Declaração de Imposto de Renda do governo, então, está tudo certo!

Alguns times de futebol no brasil estão lançamento seus próprios tokens e moedas a fim de ter uma nova fonte de renda para seus clubes. A tecnologia Blockchain também parece ter vindo pra ficar como tecnologia de cadeia de verificação digital, setores como o de Cartório de Documentos se interessam pela ideia, assim como os bancos "normais" que já estudam a tecnologia para implementação no setor bancário real.

E você, já comprou bitcoins ou outras criptomoedas?

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Autor: Willian Soares